Mensagem da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Santarém

Deve-se à rainha D. Leonor, viúva de D. João II, o empenho na fundação das Santas Casas da Misericórdia, tanto em Portugal como na diáspora portuguesa, instituições de modelo caritativo que, durante cinco séculos, viriam a apoiar a população portuguesa em duas áreas fundamentais, o apoio social e os cuidados de saúde. E foi tão nobre e útil a sua criação, que Garcia de Rezende diria logo após o seu surgimento que, as Misericórdias eram “Coisa tanto de louvar, Que não sei quem não se espanta, Do mais cedo não se achar”.

A data da fundação da Santa Casa da Misericórdia de Santarém não se conhece ao certo, mas sabe-se que já tinha existência jurídica no ano de 1500 como se prova pelos alvarás de privilégios que em 20 de Maço desse mesmo ano lhe foram outorgados, concedendo-lhe também D. Manuel I, em Julho de 1503, por alvará régio, as mesmas liberdades, garantias e privilégios de que gozava a Misericórdia de Lisboa.

Mantendo-se fiel ao espírito co Compromisso que regia a Santa Casa de Lisboa e, depois, ao seu Compromisso próprio, datado de 1578, e às disposições pias dos legados que foi recebendo ao longo do tempo, a Irmandade da Misericórdia dedicou o melhor do seu esforço ao socorro e amparo dos pobres, indigentes e de toda a sorte de necessitados, presos e cativos, órfãos e órfãs a quem ajudava no casamento.

Além da administração da própria Misericórdia de Santarém, as Mesas Administrativas tiveram também sob a sua responsabilidade a administração do Hospital de Jesus Cristo, fundado por João Afonso em 1426, tarefa que dedicadamente abraçaram, quer no chamado “Hospital Velho”, quer no “Novo Hospital” que, em 1834, deixou as velhas e desadequadas instalações onde tinha sido fundado, para ser instalado no Convento de Nossa Senhora de Jesus Cristo do Sítio, onde se manteve até 1986, ano em que foi inaugurado o novo Hospital Distrital de Santarém.

Depois da entrega do Hospital ao Estado em 1974, cuja administração se confundia, a partir do Compromisso de 1870, com a administração da Santa Casa, a sua actividade passou a centrar-se, para além das eventuais esmolas, na administração da centenária valência do Lar dos Rapazes, fundada em 1874.

A partir de 1990 foram criadas outras valências, no apoio à anciania e à infância, cobrindo vertentes de intervenção requeridas pela Comunidade, para assim se iniciar uma nova etapa do seu percurso de 500 anos de Serviço dirigido às faixas da população mais carenciadas.

A Santa Casa da Misericórdia de Santarém continua a ser uma Associação de Fiéis, constituída na Ordem Jurídica Canónica, reconhecida pelo Estado Português, cuja orientação estratégica se desenvolve e projecta de acordo com as 14 Obras de Misericórdia, dirigida aos mais necessitados, através da prestação de serviços e cuidados que contribuem para a valorização das pessoal e dos seus direitos de cidadania.

E foi com esse espírito de missão e no restrito cumprimento das Ordens de Misericórdia que em 17 de Janeiro deste ano tomaram posse os Novos Órgãos Sociais da Misericórdia de Santarém imbuídos do grande ânimo de servir os destinos desta pentasecular instituição.

Entrou pois a actual Mesa Administrativa animada de grande espírito de bem servir, quando, depois que eram decorridos apenas dois meses e quando nada o fazia prever, o mundo entrou em grande convulsão devido à pandemia causada pelo COVID-19, vendo-se confrontado, em poucas semanas, com uma realidade que desconhecia, para a qual, nada nem ninguém poderia estar preparado.

Nesse contexto, a Santa Casa da Misericórdia de Santarém foi, e continua a ser, através de todos os seus Trabalhadores/Colaboradores, um excelente exemplo de resistência. A vida de cada um, sobretudo dos que trabalham com os mais vulneráveis, viveu e vive ainda desafios sem precedentes. Cada um, à sua maneira, e em cada dia que passou, colocou à disposição da Instituição e do seus Utentes, as melhores das suas qualidades morais: o Amor, a Solidariedade, a Esperança, a Fé, a Amizade, a Coragem, a Responsabilidade e o Profissionalismo, o Espírito de Equipa e o de Entreajuda, de forma a manter a Santa Casa ao serviço de quem dela mais precisa.

É nesse particular que a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Santarém vem publicamente agradecer e, porque não dizer, lançar um Voto de Louvor a todos/as os/as Funcionários/as, pela dedicação e esforço com que têm enfrentado tantas dificuldades, nunca permitindo que as necessidades básicas dos nossos utentes/clientes ficassem por satisfazer ou por se cumprir. De igual modo, gostaríamos de estender este agradecimento às suas Famílias pela compreensão com que encararam o facto de se manterem afastados dos seus familiares directos em consequência das regras de confinamento.

Obrigada.

“Obrigada”, é uma palavra que sendo curta, parece ser a esta Mesa Administrativa aquela que melhor transmite a valorização do esforço diário que têm vindo a ser feito em prol dos que dependem da Santa Casa da Misericórdia. Temos que acreditar que vamos ultrapassar todas estas adversidades e sair mais fortes, mais reforçados e mais Unidos; em suma: mais capazes de corresponder e cumprir a Nobre missão da Santa Casa da Misericórdia de Santarém: SERVIR QUEM PRECISA.

A actual Mesa Administrativa continuará a depositar em cada um dos seus Trabalhadores/Colaboradores a confiança e a sua forte determinação em fazer com que a Santa Casa da Misericórdia possa cumprir cabalmente a sua Missão, centrada na sua Visão estratégica, assente nos seus Valores.

Bem-hajam.